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GUIA DA FARMÁCIA
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Laboratórios investem em novas apresentações de medicamentos maduros, fortalecem a marca e garantem bons resultados

De um lado, a pressão de genéricos e dos similares. Do outro, pesquisas com custos cada vez mais altos e com riscos elevados do projeto de uma nova molécula que pode não chegar ao fim. Para escapar dessa encruzilhada, laboratórios investem em novas apresentações de medicamentos maduros. “Há um grau de incerteza sobre o investimento em novos medicamentos, o que gera uma espécie de crise de inovação. Atualmente, apostar nas marcas fortes é estratégico para a indústria farmacêutica”, acredita o gerente de produto – Dramin, da Nycomed, Luiz Marcelo Siqueira.

O número de lançamentos de medicamentos inovadores vem caindo ano a ano. Segundo pesquisa da Deloitte, o investimento da indústria farmacêutica em pesquisa no mundo caiu 29% em 2011 em relação ao ano anterior. O estudo também revela que é alta a mortalidade dos projetos em sua fase final. No período analisado, o número médio de produtos na última etapa de desenvolvimento de cada empresa caiu de 23 para 18, enquanto o custo aumentou cerca de 20%. O vice-presidente executivo do Sindicado das Indústrias Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, não vê crise de inovação. “Atualmente os setores regulatórios estão mais exigentes e o nível de conhecimento é muito maior, o que agiliza a descoberta de contraindicação. A tendência é a pesquisa ficar mais cara, mas não diminuir”, analisa. Para o executivo, mesmo com a concorrência dos genéricos, que impacta na rentabilidade dos medicamentos referência, os laboratórios sabem que vale a pena trabalhar com margens menores e investir na divulgação de produtos maduros. “Esse movimento faz parte de um ciclo.”

“Não há crise. O cenário é positivo para a pesquisa de novas moléculas.” A afirmação é de Antonio Britto, presidente executivo da Interfarma. “Os projetos estão focados em doenças complexas, o que é um desafio. Acreditamos que as pesquisas manterão seu ritmo, mas ficarão mais caras. A cada 10 mil estudos, apenas uma nova molécula é lançada. Isso faz com que o custo de novos medicamentos seja mais alto, algo em torno de 800 milhões de dólares, uma vez que carrega o investimento daqueles que não vingaram”, detalha Britto. A indústria compromete de 12% a 15% da pesquisa. Se o setor farma no mundo tem negócios em torno de 900 bilhões de dólares, o volume destinado a  pesquisa é de 100 bilhões de dólares. Para o executivo, o setor vive uma entressafra de pipeline. “Observamos que as empresas globais estão empenhadas em buscar parcerias locais para investir em inovação no País. Enquanto isso, dá um tratamento inteligente aos medicamentos maduros.”

Para o executivo da Nycomed, a marca continua sendo importante para os laboratórios. “A tendência é inovar dentro da própria molécula, lançando novas apresentações, embalagens, dosagens, uma variação farmacotécnica da molécula”, analisa Siqueira. Líder no segmento, o medicamento Dramin é comercializado há 51 anos e, nos últimos tempos, vem passando por uma série de transformações. “Buscando atender melhor à necessidade do consumidor, lançamos a versão gotas e mais recentemente o Dramin capsgel. Ao promover uma marca madura, quanto mais elaborada for a transformação farmacotécnica do produto, mais competitivo se torna.”

O medicamento maduro carrega o estigma da marca consagrada: de um lado é positivo, por ser conhecido da população; do outro, enfraquece o receituário. Com a fórmula diferente, o profissional médico passa a enxergar o produto como uma nova opção terapêutica, valorizando mais a marca. “Acreditamos que variações do mesmo tema trazem energia nova para a marca. Esse é um bom caminho”, observa o executivo da Nycomed.

Os medicamentos maduros representam um dos segmentos de mais rápido crescimento no mercado farmacêutico mundial e correspondem a aproximadamente 60% do mercado brasileiro. Na Pfizer eles fazem parte da estrutura de atuação da Unidade de Negócios Produtos Estabelecidos. É esta unidade que promove os produtos maduros, que são medicamentos consagrados e já consolidados no mercado. “Se por um lado a Pfizer oferece medicamentos de inovação voltados a doenças complexas, de outro, a companhia dispõe também dos produtos estabelecidos, essenciais para o tratamento de uma série de doenças”, lembra Adilson Montaneira, diretor da Unidade de Negócios Produtos Estabelecidos da Pfizer Brasil.

Neste ambiente de muita pressão e mudanças, em que o número de marcas e produtos aumenta dia após dia, os medicamentos maduros precisam cada vez mais assumir o papel de provedores de informações e serviços para consumidores, farmácias e profissionais de saúde. “Os medicamentos maduros, mais do que nunca, devem utilizar toda a sua história e experiência para ajudar os consumidores em suas decisões relacionadas à saúde, auxiliar a cadeia de distribuição de medicamentos a melhorar a prestação de serviço e o gerenciamento de categorias e, sem dúvida, devem continuar a promover o conhecimento científico com profissionais de saúde”, pontua o gerente da linha de produtos Boehringer Ingelheim, Vinícius Santos.

A Bayer HealthCare continua inovando e trazendo lançamentos ao mercado a cada ano. Neste momento, por exemplo, está lançando Xarelto®, uma molécula revolucionária na indicação de SPAF e VTE. Investe aproximadamente 15% de sua receita global em Pesquisa e Desenvolvimento. Além do compromisso com pesquisas em novas abordagens terapêuticas e desenvolvimento clínico de outros princípios ativos, também atualiza apresentações e posologias de produtos já comercializados. Esse desenvolvimento que acompanha os produtos objetiva a identificação de potenciais adicionais de um determinado princípio ativo em outras áreas de indicação, ampliando assim sua gama de aplicação. Isso inclui o aprimoramento de fórmulas e formas de administração já existentes.

Na prática

Com relação aos medicamentos maduros, o trabalho da Pfizer é focado na promoção médica de algumas marcas, fortalecendo o ciclo de vida do produto. Um exemplo é o Viagra. Mesmo após o vencimento da patente do produto, a Pfizer não deixou de investir na promoção do medicamento. A redução de preços e lançamento da apresentação de um comprimido Viagra é um exemplo de atividade da companhia para potencializar a atuação desses produtos no segmento. “Por outro lado, a Pfizer possui um pipeline robusto e vem conduzindo suas pesquisas em algumas áreas, tais como dor, biológicos e oncologia, e com isso deverá incrementar e agilizar os estudos clínicos, principalmente para aquelas moléculas em fases finais. Para 2012, a companhia pretende investir US$ 7,0 bilhões globalmente”, revela Montaneira.

Já a Bayer está investindo bastante na expansão de marcas consolidadas, como é o caso do Bepantol, com o lançamento das linhas Derma, Baby, e Solução (para os cabelos), de  Levitra, que passou a contar com a versão Levitra ODT (orodispersivel) apresentada em comprimidos que se dissolvem rapidamente na boca, sem a necessidade de água e com sabor de menta, e de Aspirina com sabor morango.

“Não há dúvidas de que a inovação deva fazer parte da gestão de marcas maduras. Inovação não só nos produtos e em novas formas de apresentação, mas também na forma de se relacionar com profissionais de saúde, com quem consome estas marcas, e ainda com os profissionais do ponto de venda. Neste sentido, a Boehringer realiza um programa que leva informações atualizadas sobre diversos produtos e patologias a milhares de balconistas e farmacêuticos de todo o Brasil”, detalha Santos.

Há um ano, o Ponstan (ácido mefenâmico) ganhou uma nova embalagem, mais moderna, que demonstra a preocupação da Pfizer em relação às mudanças da sociedade. O medicamento, um dos mais vendidos do Brasil para tratamento de dismenorreia primária (cólica menstrual), passou a ter caixa com novo layout na cor rosa, que se aproxima do público jovem feminino. Seu blíster também ganhou novo formato e acondiciona 24 comprimidos de 500 mg em cartelas, na cor laranja, com formato de flor. “A mudança de embalagens de produtos tradicionais como o Ponstan, que está há 40 anos no mercado, é necessária para acompanhar a trajetória dos próprios pacientes. Essas alterações também são significativas, pois dificultam a falsificação de medicamentos”, observa o executivo da Pfizer.

Há 60 anos no mercado, a marca Buscopan, da Boehringer, também recebeu investimentos nos últimos anos. “É um bom exemplo de marca madura que continua  fortemente na ativa. Mesmo com tanto tempo de mercado, a marca continua se expandindo e intensificando a comunicação com consumidores. Uma marca como Buscopan tem o papel fundamental de utilizar os melhores meios de comunicação para ajudar os consumidores no tratamento de dores e desconfortos abdominais”, revela.

Investir em transformações farmacotécnicas de medicamentos maduros é uma forma de aumentar o acesso ao medicamento, oferecer opções mais adequadas ao tratamento e bolso do consumidor, tornar a linha mais competitiva e até mesmo mais segura. “Motrin (ibuprofeno), por exemplo, ganhou recentemente nova apresentação e está disponível em embalagem com 12 comprimidos de 600 mg cada. A apresentação do produto foi reformulada para atender com a mesma qualidade pacientes que precisam de tratamentos curtos, como os que sofrem com febres e dores agudas. Assim, a companhia proporciona a mesma qualidade Pfizer, num tratamento de custo reduzido – cerca de R$ 1,02 por comprimido (R$ 12,33 a caixa com 12 unidades)”, detalha Montaneira.

A Bayer acredita que sempre haverá espaço para medicamentos que ofereçam elementos que os diferenciem dos seus concorrentes. O lançamento de Levitra ODT é um exemplo disso. O medicamento, com sua formulação que dissolve na boca, representa uma evolução no segmento de tratamentos para disfunção erétil. “No Brasil esta formulação é absolutamente inédita entre os medicamentos para disfunção erétil. Nós continuamos investindo em produtos maduros com o intuito de aumentar o portfólio e oferecer cada vez mais opções de tratamento aos nossos pacientes”, afirma Santos.

Investir em novas apresentações é uma forma importante de proporcionar a consumidores e profissionais de saúde mais opções de tratamento. “Novamente, este é o papel das marcas maduras”, enfatiza o executivo da Boehringer.

No ponto de venda

Para Rogério Lima, gerente de trade marketing da Boehringer Ingelheim, o desenvolvimento de uma estratégia 360° é fundamental. Primeiramente, a execução de merchandising no PDV ajuda a ativá-la na mente do consumidor. Displays no balcão são um ótimo exemplo que reflete este tema. “Além disso, a negociação com o PDV deve promover uma rentabilidade interessante e atraente ao farmacista. Afinal, o varejo, por sua origem, tem seus indicadores de rentabilidade cada vez mais apurados e monitorados. Não podemos nos esquecer também da equipe que fica atrás do balcão. Não só o farmacêutico, conhecedor máximo dos medicamentos no PDV, mas também o balconista precisam saber muito bem as características de toda a linha. Portanto, um trabalho eficiente nestes três pilares é fundamental para o sucesso das estratégias dos medicamentos maduros”, explica Lima.

Para a Nycomed, mesmo com medicamentos maduros que já têm um histórico no mercado, investir em visitação médica é tão importante quanto ação no PDV. Oferecemos treinamento dirigido aos farmacêuticos. Também nos preocupamos com o estoque da farmácia ou drogaria com o objetivo de evitar a ruptura do produto.

“Gradualmente, espero que as inovações sejam as grandes estrelas do mercado”, revela Siqueira.

Já a  Pfizer confia na força de suas marcas, investe na promoção de seus medicamentos maduros e em estratégias de negócios diferenciadas, como o reposicionamento e a diminuição de preços de alguns produtos.


Típicos da estação

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O inverno propicia o aparecimento de gripes e resfriados. As duas doenças são parecidas, mas têm suas especificidades

As condições ambientais típicas do inverno determinam a proliferação de gripes e resfriados nesta estação. Estas doenças são infecciosas e transmissíveis, especialmente através de espirros e tosse, ou seja, tudo começa pelo nariz e pela boca, portas de entrada dos vírus respiratórios.

Embora o contágio, os sintomas e o tratamento sejam semelhantes, as duas comorbidades diferem quanto ao agente causador e à intensidade dos sintomas, maiores na gripe. O vírus da gripe é o Influenza (A e B) e o do resfriado comum é o Rinovírus. De acordo com a presidente da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), Rosana Richtmann, os sintomas da gripe são normalmente mais graves, com febre alta, dor no corpo, indisposição geral, inapetência (falta de apetite), coriza, tosse e espirros. “O quadro de resfriado comum é bem mais leve, com tosse e espirros, coriza, geralmente afebril ou subfebril (temperatura menor de 37,7ºC).”

A médica explica que a principal diferença no quadro clínico é a presença de febre na gripe além da intensa dor no corpo. Para o tratamento do resfriado são usados medicamentos sintomáticos, que diminuem a tosse, e descongestionantes nasais. “Em relação à gripe, se estabelecido o diagnóstico de certeza (pesquisa do vírus Influenza na secreção de nasofaringe), pode ser tratada com antiviral específico, especialmente nos pacientes com fatores de risco para doença mais grave. Mas o método mais eficaz é a vacina.”

A gripe

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que a gripe atinge todos os anos cerca de 600 milhões de pessoas ao redor do mundo – entre 5% e 10% da população adulta e entre 20% e 30% das crianças, e provoca de 250 mil a 500 mil mortes e milhões de internações.

Em média, um em cada dez adultos e uma em cada três crianças são afetados pelo vírus, sendo que cerca de 100 milhões de pessoas são infectadas a cada ano no hemisfério norte durante os meses de inverno. Neste período, 5% a 10% da população em geral é afetada.

Segundo informa a professora e coordenadora do setor de viroses respiratórias da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dra. Nancy Bellei, a gripe tem registro sazonal entre os meses de abril e setembro, no hemisfério sul, e de dezembro a março, no hemisfério norte. “Durante esses períodos, a chance de um paciente apresentando febre e tosse estar infectado é de 87%.”

De acordo com a médica, o período de incubação varia: de um a quatro dias, surgem os primeiros sintomas. “O paciente pode permanecer apenas com febre por período de até 36 horas de intensa prostração; a partir daí, iniciam-se os sintomas respiratórios. A febre elevada de início súbito é muito sugestiva de Influenza. A tosse e a fadiga podem persistir até duas semanas após o término da febre.”

A Dra. Nancy lembra que a gripe também pode causar apenas quadros leves, como rinite e faringite, e em alguns pacientes pode ser assintomática. “Nas crianças podem ocorrer dor abdominal, vômitos, diarreia e complicações como crupe, bronquiolite e otite média aguda. Em idosos, é comum a evolução mais insidiosa, com febre baixa ou ausente, confusão mental e fraqueza.”

Ela afirma que a doença pode ser potencialmente grave para os pacientes dos grupos de risco: as crianças menores de cinco anos de idade, as gestantes, os idosos e os pacientes crônicos, como os diabéticos, cardiopatas e asmáticos. “As complicações mais frequentes, diretamente relacionadas ao vírus Influenza A ou B, são a bronquite, a pneumonia e a otite média. Qualquer pessoa é suscetível à infecção e a eventuais complicações, porém, em pacientes de risco, a exacerbação da doença de base e a pneumonia viral ou bacteriana secundária podem levar à hospitalização e ao óbito.”

Prova disso é o fato de complicações cardíacas ocorrerem em 20% dos pacientes hospitalizados por Influenza e em 35% naqueles com pneumonia associada a essa doença. A Dra. Nancy revela que já se constatou que as mortes por causa cardíaca, vascular ou neurológica também aumentam nos períodos de maior circulação do vírus da gripe.

A gripe pode causar problemas econômicos graves, como perda de dias de trabalho ou escola, queda da produtividade e gastos com medicamentos. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam que, por ano, ocorrem dois milhões de casos de acidentes e doenças relacionados ao trabalho, um quinto deles, letais, que afetam 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. A diretora da Associação Brasileira de Imunizações (SBIm), Dra. Isabella Ballalai, diz que do total de casos, 600 mil são decorrentes de doenças infecto-contagiosas como a gripe, uma das principais causas de absenteísmo (dias de trabalho perdidos) e presenteísmo (queda de produtividade de pessoas que trabalham doentes). “A OIT calcula em US$ 180 bilhões as perdas causadas pelo presenteísmo por ano.”

Dinâmica biológica dos vírus

O movimento dos vírus Influenza A e B é peculiar a cada um. O vírus A sofre maior taxa de mutação e também circula em outras espécies, como aves, suínos e, eventualmente, cepas de espécies diferentes sofrem rearranjos genéticos e recombinações, resultando em vírus novo para a espécie humana, o que pode acarretar pandemia.

“Este mecanismo determinou o surgimento do vírus A (H1N1), pandêmico de origem suína, reconhecido pela OMS, em 2009. Até então, circulavam no mundo os subtipos de Influenza A (H3N2) e A (H1Ne), além dos B”, comenta a Dra. Isabella.

Em decorrência da pandemia, o Ministério da Saúde passou a notificar, a partir de 2010, apenas os casos de internação por Síndorme Respiratória Aguda Grave (SRAG), caracterizada por febre, tosse e falta de ar. Em 2011, foram notificados 4.944 casos, dos quais 181 para o vírus Influenza A (H1Na), a maioria nos Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Dos 181 casos de pessoas internadas com diagnóstico positivo para a gripe A (H1N1), 11,6% resultaram em mortes, a maioria na região Sul. “Esse índice de 11% de mortalidade para qualquer doença é muito elevado, o que reforça a necessidade de vacinação”, afirma.

Outra peculiaridade observada em 2011 foi o surgimento de um surto de gripe no sertão do Ceará, no calor do mês de novembro. Iniciado no município de Pedra Branca, o surto de alastrou por cidades vizinhas até chegar a Fortaleza, provocando 24 casos confirmados para a gripe A (H1N1).

A médica da Unifesp, Dra. Nancy, acha impossível prever o comportamento da temporada da gripe em 2012 no Brasil. “Se for semelhante à do hemisfério norte, as pessoas continuarão relaxando quanto à vacinação, o que aumentará a circulação de vários tipos de vírus.” Por isso, ela entende ser importante intensificar a vacinação, não apenas nos grupos de risco.

O resfriado

Diversos vírus respiratórios circulam ao mesmo tempo, ainda que haja sazonalidade característica para alguns deles, e que, clinicamente, sejam de difícil diagnóstico. A maioria dos pacientes se confunde com os sintomas, o que dificulta saber a real incidência.

Ela ressalta que vários agentes virais podem causar o resfriado. Os mais encontrados são os Rinovírus A, B e C (com mais de 100 sorotipos – e estes ainda não diagnosticados por meio de testes rápidos). “A doença é mais transmitida pelo contato manual de indivíduos infectados, direta ou indiretamente. É assim que o vírus atinge o sítio de entrada: nariz e olhos.”

Segundo a médica, a infecção inicia-se na nasofaringe posterior (adenoides) e os sintomas de obstrução nasal, rinorreia e dor de garganta ocorrem de oito a dez horas após o início da infecção, com intensidade máxima em um a três dias. “Os anti-histamínicos têm maior efeito em diminuir espirros e rinorreia, já os inibidores de prostaglandinas atuam sobre os sintomas gerais de cefaleia, dor de garganta, febre e mialgia. A maior parte dos casos de resfriados não apresenta febre elevada, porém, observa-se que o Rinovírus era o agente mais prevalente durante o período epidêmico para Influenza e que, em metade dos casos, a apresentação clínica era de síndrome gripal.”

Ela lembra que casos de resfriado podem apresentar febre de início, em geral baixa e não prolongada, durante dias, como a febre causada pelo Influenza.

Sazonalidade de gripes e resfriados

Os hábitos relacionados com o frio, além da má higiene, favorecem o aparecimento, proliferação e transmissão das bactérias e vírus existentes no ar. Ambientes fechados, sem ventilação, apresentando aglomerados de pessoas contaminadas com as outras não contaminadas favorecem a proliferação de gripes e resfriados.

Neste período, a Dra. Rosana Richtmann, da SPI, recomenda que as pessoas evitem contato direto com outros indivíduos doentes (a transmissão ocorre durante cinco dias a partir do início do quadro clínico), higienizem frequentemente as mãos (com álcool gel ou água e sabão), usem lenços de papel para tossir e, principalmente no caso da gripe, se imunizem com a vacina.


Resultados apurados

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As maiores redes do País movimentaram R$ 20,48 bilhões em 2011. Em meio a fusões e aquisições, acredita-se que as vendas ainda foram impulsionadas por não medicamentos e genéricos

Após um ano das primeiras fusões anunciadas entre redes de farmácias e drogarias no Brasil, os resultados apurados são positivos, o que faz com que o setor amadureça e perceba a importância desta movimentação para a economia nacional.

Os primeiros resultados aparecem no ranking encomendado à Fundação Instituto de Administração (FIA-USP), pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). O Grupo Raia Drogasil é o primeiro colocado em faturamento e em número de lojas. Em seguida aparece o Grupo Drogaria São Paulo/Pacheco. A Farmácias Pague Menos aparece na terceira posição em faturamento, mas quando as redes são avaliadas individualmente, permanece na liderança, e o Grupo BR Pharma (composto pelas redes Big Ben, Farmais, Guararapes, Mais Econômica, Rosário e Sant’ana) ocupa o quarto lugar em vendas e terceiro em relação ao número de lojas.

A tendência é de que cada vez mais as farmácias se juntem em grandes redes. O professor e diretor do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada (CPDEC), Rodnei Domingues, especialista no comércio varejista de medicamentos, acredita que fusões e aquisições continuarão acontecendo nos próximos anos. No que diz respeito ao potencial financeiro para isso, ele afirma que quanto mais lojas e quanto maior o faturamento de uma rede, maior será o lucro. “Esse fundamento é o principal atrativo para a concretização de fusões e aquisições, independentemente do tamanho das empresas envolvidas. O principal ganho é no lucro, resultante da escala, que aumenta o poder de compra e com isso melhora as condições comerciais e os descontos.”

Ele comenta que a melhoria dos resultados decorrentes de uma fusão poderá ser rápida ou demorada, dependendo da capacidade de gestão dos executivos da nova empresa em fazer as mudanças necessárias que irão garantir as vantagens. Domingues enfatiza que esta tendência tende a se espalhar entre redes varejistas intermediárias em breve. “Muitas movimentações e negociações já se iniciaram especialmente na região Sudeste.”

O presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia, diz que ainda que não existam tantas empresas preparadas para essa movimentação, enquanto houver grupos organizados e prontos, do ponto de vista fiscal, para serem incorporados, outras negociações irão ocorrer. “Isso pode ser comprovado pelo que vimos acontecer com as aquisições feitas pela BR Pharma. O objetivo é demarcar território e se tornar atrativo do ponto de vista dos investidores.” O executivo lembra que, nos casos das fusões, nenhuma empresa precisa fazer investimento financeiro, pois há uma união de recursos. “No processo de aquisição, certamente temos muitos empresários com capital disponível para isso, ainda que seja inflacionado.”

Mesmo diante deste cenário, há quem prefira continuar crescendo apenas de forma orgânica, com a abertura constante de novas lojas. “Uma empresa só é vendida quando está com problemas e este não é nosso caso”, diz o presidente da Drogaria Araújo, Modesto Araújo. Ele afirma que é improvável que a drogaria compre outra empresa. A maior parte das redes tem unidades de no máximo 100 metros quadrados, por isso, prefere continuar crescendo por meio da abertura de lojas. Para 2012, o plano é inaugurar 20 novos pontos de venda. Outro executivo que descarta qualquer possibilidade de participar da dinâmica de fusões e aquisições é Deusmar Queirós, presidente da Pague Menos.

O professor Domingues conta que o crescimento orgânico se dá sobretudo nas lojas que têm um limite de faturamento. “Muitas lojas existentes não possuem os requisitos necessários para se tornar um ótimo ponto de venda. Assim sendo, é melhor abrir uma nova loja do que investir em uma loja existente.” O especialista explica que atualmente as lojas classificadas como “de baixo custo” têm um grande potencial. “Essas lojas exigem baixo investimento, entre
R$ 120 mil e R$ 200 mil, enquanto para montar uma loja sofisticada visando atender um público mais exigente o investimento varia entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões.”

Resultados consolidados

As vendas nas grandes redes apresentaram evolução de dois dígitos no balanço divulgado pela Abrafarma. Somando o terceiro trimestre de 2011, o faturamento total das associadas ultrapassou os R$ 14,9 bilhões no ano passado, uma porcentagem de 19,4% superior aos nove meses de 2010.

“Neste período foi vendido 1,24 bilhão de unidades. O número de clientes cresceu 12,4%, chegando a 465,2 milhões e a venda de não medicamentos avançou 27,7%”, revela o presidente-executivo da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto.

Em 2011, o movimento nas 29 grandes redes associadas à entidade superou R$ 20,48 bilhões, 20,4% a mais do que no ano anterior. O destaque fica para as altas taxas percentuais dos genéricos (26,91%) e dos não medicamentos (28,61%). “A comercialização de não medicamentos chegou a R$ 6,15 bilhões e a comercialização de genéricos ultrapassou R$ 2,25 bilhões. O resultado reflete o perfil do consumidor, que aposta no genérico pelo fator preço e enxerga nas farmácias e drogarias um centro de conveniência. Já os medicamentos registraram
R$ 14,33 bilhões, um aumento de 17,19%.”

Outro destaque fica por conta do programa “Aqui tem Farmácia Popular”. As vendas cresceram 123,40% e o número de clientes atendidos registrou incremento de 11,53%. “O objetivo de facilitar acesso a medicamentos vem dando resultado, uma vez que esta ótima iniciativa voltou a receber investimentos da união ao programa e no abastecimento das unidades, para cobrir outras lacunas na saúde pública”, comenta. No geral, mais de 632 milhões de atendimentos foram registrados, com 1,6 bilhão de unidades comercializadas para brasileiros de todos os estados e do Distrito Federal.

Levantamento apurado

A fusão entre Raia e Drogasil, anunciada em agosto de 2011, criou uma empresa com faturamento anual estimado de R$ 4,1 bi, que lidera o ranking farmacêutico. Já a cearense Pague Menos, ex-líder, caiu para a 3ª posição; o 2º lugar é ocupado pela empresa resultante da fusão entre Drogarias São Paulo e Pacheco, que também aconteceu em agosto passado. As companhias tiveram faturamento conjunto de R$ 4,4 bilhões, mas o levantamento da Abrafarma considera a empresa como a segunda maior do setor.

A quarta posição em faturamento é ocupada pela Brazil Pharma, rede controlada pelo BTG Pactual. Quando analisado o número de lojas, a Brazil Pharma surge como a terceira maior rede do País, atrás de Raia Drogasil e da parceria entre a Drogaria São Paulo e a Pacheco.

A maior novidade é a inversão de posição entre Raia e Pacheco. Por número de lojas, a segunda posição é ocupada pela Raia, seguida por Drogasil, Drogaria São Paulo e Pacheco.

No associativismo, Edison Tamascia, da Febrafar, garante que os resultados foram ótimos. “Crescemos na mesma proporção do mercado, ou seja, tivemos um crescimento orgânico na ordem de 15%, portanto, bastante satisfatório.” Ele diz que o bom momento está relacionado ao cenário atual de nosso País. O Brasil, de modo geral, passa, sobretudo pelo aumento do poder aquisitivo, do nível de emprego, da inflação controlada, da distribuição de renda. “O faturamento das farmácias e drogarias associadas às 34 redes integradas à Febrafar chegou a R$ 3,460 bilhões em dezembro de 2011, 7,5% do registrado pelo mercado no ano passado, segundo levantamento do IMS Health.” Em número de pontos de venda, a comunidade Febrafar já congrega 5.750 lojas, ou seja, 8,7% do total de estabelecimentos do varejo farmacêutico nacional.

As associadas nordestinas reúnem o maior número de PDVs (2.921) da comunidade associativista, representando 19,1% do total de farmácias e drogarias da região (15.320). Se somadas, as redes do Sudeste perfazem o segundo maior número de lojas da entidade, 1.352 unidades. O terceiro lugar fica com as associações sulistas, responsáveis por um total de 1.287 lojas (10,4%) do total de farmácias e drogarias da região, que abriga 12.372 PDVs.

No Centro-Oeste, as associadas à federação prestam serviços a 187 das 6.593 lojas da região. No Norte, a representatividade também é tímida – apenas três das 4.173 farmácias da região são associadas a uma das redes integradas à Febrafar, o que, segundo Tamascia, é a comprovação de que há grandes oportunidades para a expansão do associativismo em todo o território nacional.

Expectativas para o futuro

Em um mercado que já atingiu R$ 46 bilhões ao ano, e que deverá dobrar até 2015, as grandes redes brigam para ampliar o leque de itens comercializados. Esses estabelecimentos oferecem, hoje, o autosserviço e uma série de outras mercadorias de conveniência. Mas as leis federais e estaduais dificultam a atuação.

“A população quer sim uma farmácia que venda produtos de conveniência, que recarregue seu celular, caso contrário, o cliente fica refém do que o balconista disser, sem falar que o preço médio ficou mais caro.” O presidente-executivo da Abrafarma afirma que se a farmácia tem uma limitação física atrás do balcão, não vai incorporar novos produtos ao mix e toma a decisão no lugar do consumidor.

Ele lembra que redes maiores trabalham melhor o estoque e as promoções. “Isso não significa que as pequenas desaparecerão. Nos EUA, as oito grandes redes respondem por 70% do mercado. Já no Brasil, país com 65 mil farmácias em operação, oito mil respondem por 51%.”

O professor Rodnei Domingues, do CPDEC, diz que as lojas independentes não estão e não estarão preparadas para a consolidação do mercado, por isso perderão participação. “As redes estão parcialmente preparadas, o que falta e continuará faltando a elas é mão de obra qualificada. Por essas razões, o segmento atrairá empresários varejistas brasileiros de outros segmentos e empresários estrangeiros a formarem novas redes.”

Segundo ele, a competitividade está baseada em facilidade de acesso (proximidade do consumidor, estacionamento), disponibilidade de produto (ter o que o cliente procura), bom atendimento (rapidez e cordialidade) e na percepção que o consumidor tem de um bom preço. “O cliente percebe que a farmácia tem um bom preço não porque ela vende todos os produtos com preços mais baixos que os concorrentes, mas porque ela tem uma política de preços que faz com que os produtos que ele deseja pagar têm um custo menor e, portanto, devem ser adquiridos nessa farmácia.”

As farmácias não estão vendendo menos medicamentos; elas estão vendendo mais produtos de higiene, perfumaria e cosméticos. Domingues acredita que essa tendência deve continuar porque esses produtos proporcionam um lucro maior. “É comum o consumidor ir à farmácia comprar um medicamento e ser atraído para adquirir outro produto. Essa compra normalmente é por impulso e o consumidor não faz comparação de preços. Os melhores empresários do setor não querem apenas aumentar as vendas dos medicamentos; querem, também, vender cada vez mais os outros produtos.”

Edison Tamascia, da Febrafar, é enfático ao afirmar que, sem sobra de dúvidas, o preço ainda é um dos maiores diferenciais competitivos e continuará sendo. “Trata-se de uma equação matemática que é: Custo do Produto + Custo da Gestão + Lucro. Portanto, a competitividade passa pela gestão de custo, ou seja, quem não gerenciar custo não terá condições de vender barato e por consequência não vai competir em pé de igualdade.”

Para prosperar no mercado, Domingues aponta que grandes redes e independentes devem aumentar o número de lojas e o volume de negócios pela internet. “O maior crescimento do comércio varejista de medicamentos vai acontecer na periferia das grandes cidades e nas cidades pequenas. É aí que estão concentradas as oportunidades de crescimento do setor com lojas que ofereçam produtos para a classe C.”

Movimentação ininterrupta

Em janeiro deste ano, a Pague Menos assinou o protocolo de intenções com o governo de Goiás para a construção de um centro de distribuição (CD) em Hidrolândia, região metropolitana de Goiânia. Com investimentos de R$ 50 milhões, a unidade será a maior do varejo farmacêutico na América Latina, com aproximadamente 50 mil m2 de área construída em um terreno com cerca de 150 mil m2.

A nova central abastecerá os pontos de venda nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. A expectativa é movimentar R$ 1,5 bilhão ao ano e gerar 400 empregos diretos. Este será o segundo CD da rede, que em 2008 inaugurou uma unidade de distribuição a apenas dois quilômetros de Fortaleza (CE), nas proximidades da zona portuária.

Única varejista presente nos 26 estados da Federação e no Distrito Federal, conta hoje com mais de 497 lojas e mais de 13,5 mil colaboradores que atuam em cerca de 200 municípios.

A companhia, que atua no varejo farmacêutico com duas bandeiras, Droga Raia e Drogasil, fechou o ano de 2011 com 776 lojas em nove estados. A Raia Drogasil inaugurou 99 lojas em 2011 e pretende abrir 130 lojas somente em 2012. “Um patamar que demonstra um forte potencial de crescimento e que nos permitirá consolidar a liderança no mercado brasileiro de drogarias”, destaca Eugênio De Zagottis, vice-presidente de relações com investidores e de planejamento corporativo da Raia Drogasil.

A nova tendência chegou a Cuiabá. Em fevereiro a Droga Panda vendeu cinco lojas para a Raia Drogasil. A aquisição movimentou cerca de R$ 4,9 milhões. O assessor jurídico da Droga Panda, Euclides Ribeiro, explica que a rede está em recuperação judicial. “A negociação foi concretizada por meio de alienação com autorização judicial. Essa foi uma solução bem construída e aceita pelo mercado, pois manteve todos os postos de trabalho.”

A Drogasil anunciou que vai abrir, neste ano, as primeiras unidades nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia. Ao menos 11 lojas serão inauguradas nesses locais até o fim do ano. “Temos expectativas muito positivas para esses mercados. Ao concluir a operação, estaremos posicionados em um total de 12 unidades da federação, que representam 84,2% do mercado farmacêutico no Brasil”, diz De Zagottis.

As novas lojas na Bahia marcam a entrada da Raia Drogasil no Nordeste. É a continuação de um ciclo natural. O investimento médio para a abertura de uma loja Drogasil é de R$ 1,1 milhão.

Em junho do ano passado, A BR Pharma captou R$ 414 milhões em uma oferta primária. Até dezembro de 2011 já havia utilizado 70% dos recursos nas aquisições das redes de drogarias Estrela Galindo, da Bahia, e Big Ben, espalhada pela região Norte.

Neste ano, comprou a Sant’Ana, maior rede de Salvador, por R$ 347 milhões. O negócio a transformou na terceira maior varejista de farmácias no País, em número de pontos próprios e faturamento bruto. Também em fevereiro, a empresa realizou uma captação de R$ 250 milhões em debêntures (título de crédito representativo de empréstimo).

Dentro do time de compradores estão também três grupos internacionais: as americanas CVS e Walgreens e a inglesa Boots – todas com faturamento superior a 20 bilhões de dólares. Executivos das três redes estiveram no Brasil em 2011 e conversaram com a Nissei. Sérgio Maeoka, presidente da rede, revela que em janeiro recebeu uma equipe da Boots, mas afirma que só vende se pintar uma grande proposta. A rede de farmácias Nissei mantém o ritmo de investimentos em 2012 e inaugurou, em fevereiro deste ano, uma loja em Pinhais, no Paraná. A nova loja conta com um espaço de 113 m2. Para Maeoka, a inauguração de mais uma unidade no município de Pinhais reforça o compromisso da Nissei em ampliar a sua oferta de serviços e produtos essenciais para o bem-estar da comunidade. “Nosso objetivo até 2015 é estar em todos os municípios do Paraná com mais de 70 mil habitantes.”


Em constante evolução

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Laboratórios comemoram os resultados de 2011 e anunciam os investimentos para 2012, além da entrada em outros segmentos

De acordo com dados do IMS Health, o mercado farmacêutico brasileiro fechou 2011 com o valor aproximado de R$ 38 bilhões e, até fevereiro de 2012, o número é de R$ 44 bilhões, ou seja, o crescimento do mercado em 2011 foi de 19,84% e nos primeiros dois meses do ano foi de 17,98% (uma porcentagem menor em relação à média de crescimento anual).

Em unidades, foram comercializados cerca de 2,1 bilhões, em 2011. No início deste ano, houve um pequeno crescimento: 2,3 bilhões (valor aproximado). Dessa forma, 2011 cresceu 16,87% em relação a 2010. No que diz respeito a unidades comercializadas e nos dois primeiros meses de 2012, registra crescimento de 12,18%.

Nos últimos anos, diversas indústrias farmacêuticas uniram suas forças em fusões e aquisições; outras decidiram explorar novos segmentos, ingressando em mercados jamais explorados.

Esta dinâmica movimenta milhões e faz com que alguns laboratórios se tornem verdadeiros gigantes, o que possibilita uma concorrência cada vez mais acirrada. A tendência tende a continuar.

As indústrias farmacêuticas crescem no mesmo ritmo da evolução total do mercado, com algumas variações para menos ou para mais, como é o caso do laboratório de Genéricos EMS que superou, e muito, a média anual.

A empresa atingiu R$ 4,7 bilhões em faturamento, um crescimento de 38% em relação a 2010, o dobro do mercado. “Em unidades comercializadas, atingiu 297,7 milhões, um aumento de aproximadamente 25%”, revela o diretor de marketing da Divisão EMS Genéricos, Marco Miguel. Sua capacidade produtiva é de 480 milhões de unidades/ano e, atualmente, de cada 100 medicamentos vendidos no Brasil, 12 já têm a marca EMS.

O executivo pontua que 6% do faturamento anual é destinado à Pesquisa & Desenvolvimento. “As inovações criadas pelo P&D já geraram 60 patentes da EMS em todo o mundo.”

No ano passado, a companhia anunciou um investimento de R$ 600 milhões na construção de mais três fábricas, em Manaus (AM), onde as obras já foram iniciadas, em Brasília (DF) e em Jaguariúna (SP), além da construção, que se encontra em fase avançada, de uma nova unidade de embalagens na própria sede da EMS em Hortolândia.

Lançou, no mesmo ano, pelo menos 200 apresentações de produtos. Miguel comenta que a empresa foi a primeira a disponibilizar ao mercado, entre outros medicamentos, a valsartana (princípio ativo do Diovan) e a rosuvastatina (princípio ativo do Crestor). “Repetiu a ousadia e agilidade de 2010, quando já havia colocado, pioneiramente, no mercado brasileiro, a sildenafila, atorvastatina e olanzapina.”

Este ano, o P&D deve iniciar 50 novos projetos de medicamentos anualmente. A EMS também segue na aposta dos medicamentos biológicos, considerados o futuro da indústria farmacêutica. Aliás, foi a primeira empresa brasileira a submeter à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)  medicamentos biológicos biossimilares de alta complexidade, como os anticorpos monoclonais. De olho nesse segmento, o laboratório também realiza investimentos em parcerias para o licenciamento e produção dos biofármacos, tendo já assinado contratos de transferência tecnológica com China e Coreia do Sul.

Fusões e aquisições lucrativas

Em abril de 2011, a Novartis anunciou sua fusão com a Alcon (empresa especializada em soluções para a visão), ação que está em linha com o objetivo da empresa de atender às necessidades de saúde da população, por meio da diversificação de seu portfólio.

De acordo com o presidente do Grupo Novartis, Alexsander Triebnigg, a união dessas empresas possibilita que ambas tenham portfólios complementares e que compartilhem o comprometimento com a inovação. “Queremos atender às significativas necessidades ainda existentes com o objetivo final de prevenir a cegueira e tratar as doenças da visão. Por meio da fusão, a Alcon se tornou a segunda divisão da Novartis com operações em 75 países.” O executivo revela que a principal estratégia de crescimento da empresa tem como base o portfólio de produtos estrategicamente diversificados. Nesse sentido, Triebnigg explica que a fusão da Alcon possibilitou incrementar de forma significativa o portfólio de cuidados com os olhos, representando uma nova e importante plataforma de crescimento para o Grupo.

“A Alcon já está entregando sólidos resultados. Globalmente, em 2011, as vendas da divisão cresceram 7% em relação ao ano anterior, tendo sido responsável por 17% das vendas totais do Grupo.” A Alcon manteve o seu nome, passando a ser a divisão de cuidados com os olhos do Grupo Novartis. Os negócios da CIBA Vision, unidade da Novartis que era a segunda fabricante de lentes de contato, foram integrados à Alcon. Não houve interferência em seu processo produtivo.

De acordo com o presidente do Grupo, as forças de vendas permaneceram especializadas e dedicadas a cada um dos segmentos de negócio. “O aumento na escala, por ter se tornado uma única divisão, permite à Alcon melhorar o atendimento aos clientes. Os produtos da CIBA Vision, por exemplo, podem se beneficiar da força de vendas da Alcon em mercados anteriormente atendidos por distribuidores terceirizados.”

Fusões e aquisições fazem parte também da estratégia comercial da Pfizer, que tem como um de seus principais objetivos ampliar seu portfólio e o alcance da população aos seus medicamentos, o que faz com que a empresa esteja sempre atenta a novas oportunidades.

Para o diretor de planejamento e novos negócios da Pfizer Brasil, Gustavo Petito, há muitos benefícios obtidos com fusões e aquisições no segmento farmacêutico. No caso da Pfizer, há dois exemplos importantes: a aquisição do laboratório Wyeth, em 2009, e a aquisição parcial do laboratório Teuto (40%), em 2010. “Para 2012, a Pfizer deve continuar a atuar fortemente nos mercados emergentes, sendo que o Brasil está entre os países selecionados como prioridade. Por isso, a empresa planeja lançamentos de medicamentos de marca e genéricos, além de continuar trabalhando os produtos já existentes em seu portfólio, inclusive os chamados estabelecidos, ou seja, marcas consagradas que já tiveram suas patentes vencidas”. O executivo ressalta também que o contínuo investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos, principalmente para necessidades não atendidas, bem como em parcerias e aquisições, sejam elas locais ou globais. “Em 2012 pretendemos investir cerca de US$ 7 bilhões globalmente na descoberta de novos produtos.”

O faturamento da Pfizer Brasil em 2011 foi de R$ 4 bilhões somando os resultados de Saúde Humana (farma e consumo), Saúde Animal e exportações, o que representa um crescimento de 14% em relação a 2010. Os recursos destinados para pesquisa e desenvolvimento somam cerca de US$ 9 bilhões anuais globalmente. “De acordo com estimativas da IMS Prognosis, o mercado farmacêutico brasileiro apresentará crescimento de 10% ao ano nos próximos dois anos. E a Pfizer pretende acompanhar esse crescimento e tem grande interesse em ampliar e potencializar sua atuação no Brasil, que é uma das prioridades para a empresa, por conta do seu tamanho e desse potencial de crescimento para os próximos anos.”

Com base em sua estratégia de inovação, a Novartis realizou o lançamento de diversos produtos que ajudaram a proteger e tratar mais de 1,1 bilhão de pacientes em 2011. Entre eles, o Omnitrope (somatropina), da Sandoz (segunda maior fabricante mundial de genéricos do mundo, que pertence ao Grupo). Este é o primeiro medicamento biológico da marca no Brasil. “A novidade marcou a entrada da Sandoz no segmento biofarmacêutico do País. O Omnitrope é um hormônio de crescimento injetável, indicado para o tratamento do distúrbio do crescimento em crianças, caracterizado pela produção insuficiente do hormônio de crescimento (GH). Ao entrar no segmento biofarmacêutico, a Sandoz reafirma sua visão de oferecer acesso a medicamentos de alta qualidade”, afirma.

Triebnigg revela que, em 2011, as operações do Grupo atingiram vendas líquidas de US$ 58,6 bilhões. “As vendas da empresa cresceram 16% em relação a 2010. Nesse contexto, o Brasil se fortaleceu como um país estratégico para a empresa e temos expectativa de crescimento considerando o amplo portfólio de produtos no mercado brasileiro, os recentes lançamentos e as inovações previstas para 2012.”

Novas oportunidades

Outra movimentação de mercado que traz resultados satisfatórios é a entrada de laboratórios tradicionais em novos nichos, como dermocosméticos, nutracêuticos e suplementação esportiva.

O Aché ingressou no mercado de nutricosméticos por meio da parceria com o laboratório inglês Oxford Pharmascience e lançou sua linha própria de dermocosméticos Profuse; apresentou ao mercado o primeiro probiótico em cápsulas Prolive; foi o primeiro laboratório a ter similar do montelucaste de sódio e pioneiro no lançamento de Rhodiola no Brasil, com o Fisioton. No início de 2011 entrou em operação a nova área de fabricação de supositórios.

Esta ampliação resultou de um plano de investimentos alinhado ao planejamento estratégico de longo prazo, com aportes de mais de R$ 267 milhões, dos quais cerca de R$ 21 milhões foram aplicados em 2011.

Em fevereiro deste ano, anunciou o lançamento de Inellare, o primeiro nutracêutico do Aché. Suplemento de cálcio e vitamina D em forma de tablete mastigável, único no Brasil, é indicado para pessoas que necessitam da suplementação de cálcio e vitamina D – como gestantes, mulheres na menopausa e crianças próximas da puberdade. Possui dissolução mais rápida pelo organismo do que os comprimidos de cálcio disponíveis no mercado e pode ser ingerido a qualquer momento do dia, tornando-se um importante aliado na prevenção da osteoporose.

Em 2011, o laboratório obteve crescimento de 11% na receita líquida, que foi de R$ 1,39 bilhão, e 15% no lucro líquido frente a 2010. O portfólio do Aché conta com mais de 260 marcas, comercializadas em 605 apresentações, abrangendo 129 classes terapêuticas e atendendo às necessidades de 20 especialidades médicas. No ano passado foram investidos
R$ 11 milhões  em novos maquinários para a área industrial de Guarulhos. Com os ganhos de produtividade conquistados e os investimentos em equipamentos e instalações, a redução dos custos unitários de produção foi de 6%. Já na planta de São Paulo (especializada em genéricos), foram investidos R$ 10,5 milhões em novas máquinas.

Em expansão

No início deste ano, a Valeant anunciou a compra da Probiótica (empresa especializada na produção de suplementos esportivos). A business development da Valeant no Brasil, Marília Mello, diz que o mercado de nutrição esportiva no Brasil está em plena expansão e acredita que terá crescimento acelerado nos próximos anos.

Com essa aquisição, a Valeant passa a ser líder do mercado de nutrição esportiva, que movimenta R$ 300 milhões por ano. “Nosso objetivo é aumentar a participação de mercado com novas linhas de produtos, combinando todas as necessidades dos praticantes de atividades físicas.”

A executiva comenta que a negociação foi ágil e que foram investidos R$ 150 milhões. As empresas continuam atuando de forma independente. Hoje pertencem ao grupo quatro empresas, todas com suas marcas independentes: Valeant (produtos de prescrição de dermatologistas, psiquiatras e neurologistas); Delta e Bunker genéricos e similiares com presença maciça nas farmácias de todo o Brasil e, agora, a Probiótica, líder no varejo de nutrição. “Existem pontos convergentes cuja sinergia e conhecimento contribuirão para o crescimento de todas as empresas e a consolidação do Grupo Valeant no Brasil, como uma importante indústria no setor de saúde.” Marília diz ainda que quando se fala de nutrição esportiva, fala-se de uma parte do mercado de OTC. “O mercado total de OTC fatura em torno de R$ 9 bilhões no Brasil. Portanto, ele já é uma realidade no varejo farmacêutico. Alguns produtos da linha atual têm maior afinidade com o canal farma. Será preciso adaptação, criatividade e inovação.”

A Valeant está receptiva na identificação de novas oportunidades. Hoje a empresa representa 3% do faturamento global do Grupo. “Nossa meta é chegar a 7% até 2015, seja através de aquisição de empresas, participação ou aquisição de produtos. Recentemente a Valeant adquiriu da Novartis o Zaditen.

Mais uma nova joint venture

A MSD anuncia uma joint venture (associação de empresas) inédita no mercado nacional, com a Supera Farma Laboratórios S.A., empresa criada conjuntamente por Eurofarma e Cristália em 2011. O acordo prevê a gestão compartilhada de uma nova empresa com foco na promoção e comercialização de medicamentos estabelecidos, referência e inovadores. A empresa, que nascerá com aproximadamente 30 produtos em seu portfólio e cerca de 400 colaboradores, manterá o nome Supera e pretende dobrar a sua força de vendas para estar entre as 10 maiores do mercado farmacêutico nacional em cinco anos, faturando por volta de US$ 500 milhões em 2017. A nova empresa, que deverá se chamar Supera RX Medicamentos Ltda., incluirá produtos dos laboratórios Eurofarma, Cristália e MSD em seu port-fólio. A MSD participará com 51% e a Supera Farma, com 49% (destes, 50% da Eurofarma e 50% do Cristália).

“Esta joint venture possibilitará à MSD ampliar o acesso de um número muito maior de pacientes a medicamentos inovadores e é um passo importante na nossa estratégia de crescimento”, afirma o CEO mundial da MSD, Kenneth C. Frazier, “A Supera combinará inovação e conhecimento local e global em uma poderosa iniciativa que se afirma como uma peça-chave na execução de nossa estratégia para mercados emergentes”, acrescenta Kevin Ali, presidente de Mercados Emergentes da MSD. Segundo José Bastos, diretor-presidente da MSD no Brasil, “a nova companhia combinará o portfólio de produtos da Supera Farma e sua expertise em promoção e distribuição de medicamentos com a experiência da MSD em pesquisa e desenvolvimento de terapias inovadoras”.


Vitória regional

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Assembleia legislativa de São Paulo aprova lei que restabelece a venda dos MIPS ao alcance do consumidor nas farmácias

Pouco mais de dois anos depois de entrar em vigor em território nacional, a RDC 44/99 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sofreu mais um duro revés no último mês de março. É que os deputados estaduais de São Paulo aprovaram a lei 14.708/2012, que assegura às farmácias e drogarias paulistas o direito de manterem os Medicamentos Isentos de Prescrição Médica (MIPs) ao alcance dos consumidores, a exemplo do que já ocorreu no Rio de Janeiro.

O projeto de autoria do deputado Antonio Salim Curiati (PP) já havia sido aprovado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) em 2010, mas foi vetado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) em 2011. Entretanto, um acordo de líderes partidários na Alesp garantiu os votos necessários para derrubar o veto do governador, assegurando por unanimidade a efetivação da proposta, publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo no último dia 16 de março.

Com a nova lei em vigor, farmácias e drogarias de todos os 645 municípios de São Paulo podem voltar a oferecer os MIPs nas gôndolas e balcões, à disposição dos consumidores. A aprovação do projeto foi comemorada pelas entidades do setor de varejo farmacêutico, que já recomendaram a readaptação dos associados à nova realidade. “As iniciativas de São Paulo e Rio mostram que a sociedade brasileira não concorda com a posição da Anvisa. É sintoma de que talvez certas iniciativas da Agência estejam em desacordo com o que pensa a população, representada por seus deputados. Temos pesquisas do Ibope nas quais 75% das pessoas se posicionaram contra tais restrições”, argumenta o presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto.

Como o Estado de São Paulo representa cerca de 50% das vendas de medicamentos no País, segundo dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), a expectativa do setor é que a abertura promovida por São Paulo e Rio estimule a adoção de medidas semelhantes em outros Estados. “É uma prática consagrada. O consumidor, sem intervenção de terceiros, pode escolher o produto que irá adquirir. Em tese (essa decisão) também reduzirá os custos da farmácia, uma vez que poderá ampliar o autoatendimento”, comemora o vice-presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini. “Pode ser que, permanecendo a restrição em nível nacional, outras iniciativas surjam. Assim ocorreu por exemplo com a venda de produtos de conveniência. Praticamente hoje todos os Estados – e até alguns municípios – editaram legislações a esse respeito”, pontua Sérgio Mena Barreto.

Para o autor da proposta aprovada na Alesp, a entrada em vigor da nova lei desafoga o sistema de saúde e faz jus às reivindicações dos paulistas, que reclamavam da exigência de solicitar no balcão os medicamentos cotidianos e de uso corriqueiro. “Não tinha cabimento ter de enfrentar filas para tomar uma aspirina. A população estava sofrendo e o Legislativo não podia fechar os olhos para tal necessidade”, conta o deputado Salim Curiati, que é médico sanitarista de profissão. “Faltou sensibilidade à Anvisa na hora de baixar a tal norma”, completa.

Mais cauteloso, o presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia, diz que é precipitado achar que a aprovação da nova lei em São Paulo signifique o sepultamento final da RDC 44/99 e abertura de precedente para todo o Brasil. “Ainda é cedo para fazer qualquer previsão. Se observarmos o que ocorreu quando tiramos da área de circulação os MIPs, em cumprimento à RDC 44, veremos que não houve diminuição das vendas. Ou seja, tirar os produtos de circulação não causou nenhum impacto significativo e não acho que voltar o produto vá alterar a dinâmica atual. Isso é uma decisão local. Vejo pouca influência de uma decisão estadual em outras unidades federativas”, observa.

Apesar da cautela, a Febrafar comunicou a todas as 34 redes associadas à entidade a nova brecha da legislação estadual paulista, emitindo parecer técnico que avaliza a viabilidade da lei aprovada pelos deputados estaduais de São Paulo. “As resoluções da Anvisa não possuem força normativa superior a uma lei e jamais poderão se sobrepor à competência suplementar dos Estados”, diz o parecer jurídico da entidade, que no último ano foi responsável pelo faturamento de R$ 1,059 bilhão na região Sudeste do País. A Febrafar tem 1.352 pontos de venda na região.

Procurada, a Anvisa limitou-se a afirmar, por meio de sua assessoria de imprensa, que não se pronunciará sobre o assunto, até que o mérito da constitucionalidade e do poder de regulação da Agência sejam julgados em definitivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nos bastidores, contudo, a Anvisa avalia as leis aprovadas nos Estados como inconstitucionais e espera que o julgamento do STF possa avalizar os poderes de regulação do órgão através de suas resoluções, sobrepondo-se às normas estaduais. Desde janeiro, a Anvisa assumiu a revisão da RDC 44/09 ao formar um grupo de trabalho para analisar a regulamentação sobre MIPs. Fato é que, da queda de braço, o farmacêutico é quem deve ganhar importância e ser ator principal da ribalta.

Os MIPs representam cerca de 25% das vendas do mercado farmacêutico brasileiro, que fatura anualmente R$ 42 bilhões, segundo dados da Abrafarma. O presidente da entidade concorda que o mérito da questão tenha de ser definido definitivamente pelo STF, mas diz que os órgãos de representação precisam fazer uma leitura da nova realidade e das diversas liminares emitidas pelo Poder Judiciário em favor do setor varejista de medicamentos. “Não vou avaliar o mérito da questão constitucional, pois isso cabe ao STF. Mas há algo simbólico e profundo a ser analisado. A Abrafarma posicionou-se claramente contrária ao mover a ação judicial contra a Instruções Normativas 09 e 10 da RDC 44/09. Por sinal, a sentença, publicada há poucas semanas, nos desobriga de cumprir as restrições. Além do Poder Legislativo, o Poder Judiciário também é contra tais excessos (da Anvisa)”, avalia Mena Barreto.

“Não podemos sacrificar uma comunidade inteira em favor de uma norma a que a maior parte é contrária. Não há nada de inconstitucional na nossa proposta. A Anvisa tem de respeitar o poder democrático do Legislativo, que é o poder que de fato emana da vontade da sociedade”, rebate o deputado Salim Curiati.

Também contrária a certos pontos da RDC 44, a Febrafar ingressou na Justiça contra a norma e não teve a mesma sorte da Abrafarma. O juiz que julgou o processo da entidade deu ganho de causa à Anvisa, obrigando os associados de todo o País a se adequarem às normas. “É um direito constitucional da Anvisa questionar judicialmente a decisão e é por isso que temos três poderes, cabendo ao Judiciário arbitrar quando não existe consenso nos outros poderes. O juiz que julgou nossa interpelação judicial entendeu que estávamos obrigados a cumprir a determinação da Anvisa, diferentemente de outros juízes que tiveram entendimento contrário. Portanto, mesmo sendo contra a decisão da Anvisa nós estamos cumprindo o que determina a RDC 44”, conta Tamascia, presidente da Febrafar.

Concordando ou não com as normas da Anvisa, as entidades são consensuais em dizer que a nova realidade oriunda da aprovação da recente lei em São Paulo é positiva para o setor e traz ganhos na queda de braço sobre o assunto. A polêmica, contudo, está longe de se encerrar, analisam as entidades.

O Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) divulgou nota de repúdio à publicação da Lei nº 14.708, de 15/03/2012, aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Para o CRF-SP, trata-se de um verdadeiro ato de insensibilidade com a saúde de milhões de paulistas, que vai inclusive contra normas propostas pela própria Anvisa e a práticas usuais em países desenvolvidos. Em nota, ele ressalta que o fato de um medicamento ser isento de prescrição não significa que seu uso não represente riscos.


Apoio essencial

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Como o farmacêutico pode auxiliar o paciente a alcançar as metas necessárias para conviver bem com a hipertensão

Viver com uma doença crônica é uma lição de cuidados diários para mantê-la sob controle e com a saúde em dia. É uma tarefa a mais a ser inserida na rotina diária, que resultará na melhora da qualidade de vida e no prolongamento desta. E, quando se fala em Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), que figura entre as maiores causas de óbitos no Brasil e no mundo, esses cuidados devem ser multiplicados; por isso, toda ajuda é bem-vinda e aqui entram os farmacêuticos que, como profissionais da saúde, podem e devem auxiliar pacientes com essa doença.

“A hipertensão arterial é a elevação da pressão que o sangue exerce sobre as artérias do corpo ao ser impulsionado pelo coração e circular através delas”, esclarece o cardiologista presidente do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Weimar Sebba Barroso.

Por ser uma doença multifatorial, uma abordagem multiprofissional é fundamental para seu adequado tratamento e controle, no qual diversos profissionais da saúde devem ser envolvidos no diagnóstico, acompanhamento e aconselhamento desses pacientes, visto que a prevenção é o melhor remédio para evitar o mal e/ou conseguir viver bem com ele. Para isso, basta manter hábitos saudáveis, não consumir álcool em excesso, perder peso e fazer atividades físicas regularmente.

“O papel do farmacêutico é interagir com o médico na detecção precoce da hipertensão e demonstrando possíveis problemas relacionados com o uso de medicamento, que possam estar sendo responsáveis pela ineficácia do tratamento; além de orientar em relação a atividades e alimentações que favoreçam este controle da hipertensão”, pondera a farmacêutica clínica do Hospital Nove de Julho, Cristiane Masselli Rodrigues.

 

Na prática


Amaziles Monteiro da Silveira, 69, moradora de João Monlevade (MG) e que participa de um programa de atenção farmacêutica na Farmácia Central, na mesma cidade, comenta: “É como se a gente estivesse indo ao médico porque o farmacêutico dá orientações, pergunta se alguma coisa está nos incomodando e a gente vai desabafando. Com isso e o conhecimento deles, passamos a saber mais sobre a doença e conseguimos conversar mais abertamente para que eles possam descobrir qualquer alteração que pode ocorrer com a gente por causa da doença”, diz.

Segundo a farmacêutica Jane G. Lage, responsável por esse atendimento na farmácia mineira, a região é muito carente de informação em relação à doença e seus detalhes, tais como alimentação e o que pode e o que não é recomendável fazer por conta da enfermidade etc. “Na nossa região, somos pioneiros em atenção farmacêutica para hipertensos e, por isso, viramos referência, visto que é um serviço aberto e sem custo para os acompanhados, que são ou não clientes da farmácia”, explica.

Atualmente com 27 pacientes cadastrados, e outros não fixos, sendo cerca de 80% com mais de 60 anos, a Farmácia Central faz um trabalho de acompanhamento no qual a abordagem começa no balcão quando os clientes buscam produtos (medicamentos e correlatos) para hipertensão e é oferecido o serviço. “Pegamos telefone e outros contatos e agendamos o primeiro atendimento no qual ele tem de levar as receitas médicas e últimos exames feitos. De posse desses dados, fazemos uma ficha-cadastro que contém informações sobre alimentação (tipo e quantidade), se faz atividade física, histórico familiar, outras doenças”, explica Jane.

Para atender esses clientes, a Farmácia Central conta com uma salinha reservada na qual faz cerca de 50 agendamentos por mês. São dadas pequenas palestras para os clientes, oferecidos panfletos esclarecedores e todo tipo de informação que auxilie os hipertensos. “A principal dificuldade que vemos é a questão da mudança de hábito desses pacientes, que é complicada,  porque muitos hipertensos são fumantes, por exemplo. Mas trabalhamos fortemente com conscientização, a fim de banir os hábitos prejudiciais”, exemplifica.

Dona Amaziles confessa que dá preferência à Central em relação a outros estabelecimentos porque entre o preço e o atendimento, ela valoriza mais o acompanhamento que recebe. “A cada 15 dias vou à reunião com a Jane, a Vicentina (psicóloga) e as meninas e, lá, a gente mede minha pressão, a glicose e conversamos um pouco sobre o meu dia a dia. É um auxílio que tenho de alguém que é tão estudado quanto um médico.”

 

Serviço benéfico


Criada em 1964, a PromoFarma, de São Paulo (SP), passou a trabalhar, em 2011, com serviços farmacêuticos voltados à hipertensão, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a aferição de parâmetros fisiológicos na drogaria. “Para nós, significa proporcionar informações, controle e comodidade com atenção e seriedade aos nossos clientes”, afirma a farmacêutica responsável, Janaína Gomes Machado da Costa.

Para oferecer este tipo de serviço, a profissional explica que o estabelecimento precisa do alvará da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), que permite a realização dos serviços farmacêuticos, além de local apropriado, formulários específicos para acompanhamento dos parâmetros, aparelho para aferição de pressão devidamente calibrado e profissionais (farmacêuticos e atendentes) treinados.

“Os clientes possuem um prontuário onde são anotadas informações pessoais, como idade, sexo, medicamento e as últimas aferições para o acompanhamento e, mediante essas informações, podemos orientá-los quanto ao uso da medicação e hábitos saudáveis para obtermos melhores resultados no tratamento”, pontua Janaína. Com esse tratamento, a profissional revela que a PromoFarma consegue um aumento na aderência dos pacientes ao tratamento, além de estreitar a relação com seus clientes, garantindo satisfação e fidelização.

A cliente da PromoFarma Claudia de Britto Gonzales comprova. “Descobri que era hipertensa quando em junho do ano passado, mais ou menos, comecei a sentir fortes dores de cabeça, mal-estar e dormência no maxilar e fui ao PromoFarma. Depois que contei o que estava sentindo, elas mediram minha pressão, e estava bem alta (19/12) e, por isso, já indicaram que eu fosse a um pronto-socorro, onde me encaminharam para o cardiologista e iniciei o tratamento”, conta.

Claudia diz é possível viver bem com a hipertensão desde que se monitore no sentido de fazer o controle corretamente e se sigam as orientações dos profissionais que acompanham cada paciente. “Faço caminhada de duas a três vezes por semana e evito aborrecimentos e alimentações inadequadas e, conforme orientação do médico e da farmacêutica da PromoFarma, tomo minha medicação corretamente, medindo sempre minha pressão. Isso me ajuda a ter uma vida saudável.” Segundo Claudia, a aferição é feita, quase sempre, na farmácia, que fica próxima a sua casa e trabalho. “As meninas já conhecem o meu caso e me ajudam sempre que preciso, seja para indicar atividades ou medir minha pressão – costumo ir à farmácia três vezes por semana.”

Para o bem do cliente

Fundada em 1997, a Extrafarma, de Belém do Pará, tem um projeto para realização da atenção farmacêutica em suas lojas onde já existe o Espaço do Diabético e Hipertenso, com implantação prevista para este ano. “Hoje, já oferecermos nestes espaços os serviços farmacêuticos, onde o profissional realiza aferição de pressão arterial, aplicação de injetáveis e verificação de glicemia capilar, além de orientar e tirar as dúvidas dos farmacêuticos. A ideia é que esses espaços sejam posteriormente utilizados para a prática do acompanhamento farmacoterapêutico”, aponta a coordenadora farmacêutica da Rede Extrafarma/Imifarma, Krysthyanne Andrade.

Com isso, a rede pretende oferecer ao paciente uma oportunidade de acompanhamento dos resultados do seu tratamento e sugerir intervenções para que ocorra uma melhora da sua qualidade de vida. “Percebemos que o cliente que recebe o cuidado farmacêutico tem a oportunidade de ter dúvidas sobre suas angústias e sobre a patologia sanadas, o que favorece o fortalecimento da relação cliente e empresa, visto que os serviços oferecidos, hoje em dia, podem pesar na escolha do cliente”, ressalta Krysthyanne.

Entre os questionamentos mais comuns, estão: qual o melhor horário de tomada, a possibilidade de interações com outros medicamentos e alimentos e como utilizar os monitores de glicemia ou de PA indicados pelo médico para acompanhamento domiciliar. “Como temos lojas em bairros dos mais variados perfis sociais, os clientes acabam encontrando em nossa rede uma alternativa de acompanhamento de seu estado de saúde”, finaliza a farmacêutica da Extrafarma.